10 de março de 2009

Eu sei... mas não devia


Um texto lindo da Marina Colasanti, que nos faz refletir...

beijos a todos



Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.

E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.


E como nos perdemos...
quantas vezes perdemos nossa essencia...
nosso querer...
nosso saber...
O quanto deixamos muitas vezes de apenas sentir...

3 de março de 2009

Um pouco mais de... MULHERES


MULHERES



Elas sorriem quando querem gritar.


Elas cantam quando querem chorar.


Elas choram quando estão felizes.


E riem quando estão nervosas.


Elas brigam por aquilo que acreditam.


Elas levantam-se para injustiça.


Elas não levam "não" como resposta quando


acreditam que existe melhor solução.


Elas andam sem novos sapatos para


suas crianças poder tê-los.


Elas vão ao médico com uma amiga assustada.


Elas amam incondicionalmente.


Elas choram quando suas crianças adoecem


e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.


Elas ficam contentes quando ouvem sobre


um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

2 de março de 2009

Mulheres




Nesta semana que comemora-se o dia internacional da Mulher, peço licença ao Autor desconhecido, mas que soube como pouco traduzir a alma feminina...



MULHER


Ser mulher... 

É viver mil vezes em apenas uma vida.
É lutar por causas perdidas e
sempre sair vencedora.
É estar antes do ontem e depois do amanhã.
É desconhecer a palavra recompensa
apesar dos seus atos.
Ser mulher...
É caminhar na dúvida cheia de certezas.
É correr atrás das nuvens num dia de sol.
É alcançar o sol num dia de chuva.
Ser mulher...
É chorar de alegria e muitas vezes
sorrir com tristeza.
É acreditar quando ninguém mais acredita.
É cancelar sonhos em prol de terceiros.
É esperar quando ninguém mais espera.
Ser mulher...
É identificar um sorriso triste e uma lágrima falsa.
É ser enganada, e sempre dar mais uma chance.
É cair no fundo do poço, e emergir sem ajuda.
Ser mulher...
É estar em mil lugares de uma só vez.
É fazer mil papeis ao mesmo tempo.
É ser forte e fingir que é frágil...
Pra ter um carinho.
Ser mulher...
É se perder em palavras e
depois perceber que se encontrou nelas.
É distribuir emoções
que nem sempre são captadas.
Ser mulher...
É comprar, emprestar, alugar,
vender sentimentos, mas jamais dever.
É construir castelos na areia,
ve-los desmoronados pelas águas.
E ainda assim amá-los.
Ser mulher...
É saber dar o perdão...
É tentar recuperar o irrecuperável.
É entender o que ninguém mais conseguiu desvendar.
Ser mulher...
É estender a mão a quem ainda não pediu.
É doar o que ainda não foi solicitado.
Ser mulher...
É não ter vergonha de chorar por amor.
É saber a hora certa do fim.
É esperar sempre por um recomeço.
Ser mulher...
É ter a arrogância de viver
apesar dos dissabores,
das desilusões, das traições e
das decepções.
Ser mulher...
É ser mãe dos seus filhos...
Dos filhos de outros.
É amá-los igualmente.
Ser mulher...
É ter confiança no amanhã e
aceitação pelo ontem.
É desbravar caminhos difíceis
em instantes inoportunos.
E fincar a bandeira da conquista.
Ser mulher...
É entender as fases da lua
por ter suas próprias fases.

Selo

Ganhei este maravilhoso selo, de presente a semana internacional da MULHER...

Amiga querida...
Meu muito obrigada e perdoe-me a ausencia...

Meme

Recebi o Meme Premio Literatura e Arte da amiga Nanda e da Diva

Duas mulheres que admiro muito por sua coragem, desenvoltura e principalmente por nao terem medo de ousar...



As regras do Prêmio são:

* Escrever uma lista com 8 características suas (personalidade)

* Convidar 8 parceiros(as) de blogs amigos para responder....

* Comentar no blog de quem nos convidou...

* Comentar no blog dos nossos(as) convidados(as), para que saibam da premiação...

* Mencionar as regras...

Minhas características
  1. Determinada
  2. Sentimental
  3. Pensativa até demais...
  4. Honesta 
  5. Transparente
  6. Chata com o que acho correto
  7. Amorosa
  8. Apaixonante

Como ando meio afastada da net, por motivos alheios a minha vontade, deixo o premio a vontade para quem quiser pegá-lo.

beijo no coração de todos e perdoem-me a ausencia...